sexta-feira, 25 de junho de 2010

Já são horas de me levantar

A minha filha, fã incondicional da cultura e sociedade nipónicas, mostrou-me há dias este provérbio japonês: cair sete vezes, levantar-se oito».

Na «Gaia Ciência», Nietzsche descreve o niilismo desta forma: «Para onde vamos nós próprios? Não estaremos incessantemente a cair? Para diante, para trás, para o lado, para todos os lados?».

A ideia de «queda», nas suas múltiplas dimensões, marca tragicamente a vida do homem. Mas este não é um conceito aplicado só à vida no plano pessoal; é também no plano cósmico. O mito de criação babilónico, por exemplo, apresenta-nos a criação a partir de um quadro de profunda violência e desordem – de queda. É o corpo dilacerado da deusa que dá origem ao universo e do seu sangue surgem as constelações. O mito judaico da criação também apresenta a formação dos mundos a partir de um estado de queda: é a criação que surge a partir de um cenário de vacuidade e de caos disforme.

É um facto: somos habitados – tragicamente habitados – por uma propensão para a queda. E o facto de estarmos «incessantemente a cair», como dizia Nietzsche, torna o homem um ser decadente! O segredo, contudo, está em ter uma queda controlada para minimizar os danos e optimizar, afinal, a vida.

Cada passo em frente é também uma queda! Andamos e caímos. Mas por incrível que pareça, a vida também se forja, também se ergue, também se vive a partir das quedas.

Já são horas de me levantar

quarta-feira, 23 de junho de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

O concelho de Salvaterra de Magos tem que se lhe diga

O concelho de Salvaterra de Magos tem que se lhe diga.

1. Do ponto de vista POLÍTICO, é marcado pela esquerda. O PS, o PCP e o BE têm partilhado o governo municipal há mais de 30 anos!

2. Do ponto de vista CULTURAL, é marcado pelo analfabetismo. A taxa de analfabetismo no concelho é o dobro da média nacional!

3. Do ponto de vista ECONÓMICO, é marcado pelo desemprego. A taxa de desemprego em Salvaterra anda por valores próximos do dobro da média nacional.

4. Do ponto de vista SOCIAL, é marcado pela abstenção. E não é só a abstenção política...é muito pior: as pessoas vivem num estado de conformismo, de desistência, de descrença que as cores (políticas) e as coisas cheguem a mudar.

5. Do ponto de vista EMPRESARIAL é marcado pela ausência. Não há investimento empresarial em Salvaterra. As grandes empresas fogem a sete pés de um município que aplica a taxa máxima da derrama; e fogem a olhos vistos de um município onde o pagamento a fornecedores é o mais demorado da região.

Deve-se à esquerda política, do PS ao BE, este lindo serviço! De todos os concelhos que formam esta região, que compreende os concelhos de Almeirim, Salvaterra, Cartaxo, Coruche e Benavente, este é o mais desigual...para pior.

É por isso que o meu programa de rádio «QUEM FALA ASSIM...» tem muito para dizer!

Pode ouvir de quarta a sábado, depois das 18:30h em 89.1FM. Ou pode ouvir a emissão online em www.radio89fm.net

domingo, 16 de maio de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

PSD corrige ilegalidade na Junta de Freguesia de Marinhais

O PSD/Salvaterra esteve esta semana representado por 5 elementos da sua Comissão Política (CP), na reunião da Assembleia de Freguesia em Marinhais. Estiveram presentes o presidente e o vice-presidente da CP, Luís Melancia e João Filipe, respectivamente, e os vogais Paulo Cadeiras, Joquim Caseiro e Jorge Silva.

Aberto o período de perguntas à Junta de Freguesia, o presidente da CP - Luís Melancia - confrontou a Junta de Freguesia, de maioria PS, com alguns problemas que se arrastam e para os quais a Junta parece ter pouca ou nenhuma capacidade de resolução. Lixos e esgotos estão na base da nossa preocupação, uma vez que se trata de situações que põem em causa a saúde pública. E lembrou que foi o PSD que, em apenas três dias, provocou a solução de um caso grave de esgotos a céu aberto de que a Junta tinha conhecimento há mais de 4 meses, sem que nada fizesse.

Três questões (uma de organização e outras duas legais) contudo, ocuparam a atenção e a intervenção do PSD:

A questão relacionada com a ordem
1. A total arbitrariedade, confusão, falta de critério e desordem na forma como os titulares dos diferentes órgãos - plenário de cidadãos eleitos, Mesa da Assembleia e Junta de Freguesia - estavam distribuidos na sala. Uma confusão que espelha a falta de qualidade política que existe nesta Freguesia.

As questões legais
2. O desprezo, o desleixe, o desmazelo com que a Junta de Freguesia trata as cartas que os munícipes lhes enviam, deixando-os sem resposta, o que constitui uma clara violação da Lei que estabelece um período para uma resposta obrigatória. A Junta de Freguesia não pode violar a Lei, agindo de modo sobranceiro e prepotente face aos munícipes, ignorando-os.

3. A grave violação da Lei que exige que a Junta de Freguesia, enquanto órgão deliberativo, reúna uma vez por mês em sessão pública. Quando confrontada com esta ilegalidade, a senhora presidente, visivelmente embaraçada, disse que «se for preciso, podem fazer-se essas reuniões», tendo-lhe sido respondido que «não é uma questão de opção, é uma questão de obrigação»! Preocupa-nos, ao PSD, que a Junta de Freguesia não cumpra a lei, cavando assim um fosso cada vez maior entre a população e os órgãos que a representam. Com este comportamento da Junta e com esta violação grosseira da Lei, sai a perder a democracia e a desejada participação dos cidadãos no processo político.

Fica a justa sensação de que o PSD/Salvaterra está a começar a liderar o processo político ao nível das freguesias. E que o PSD é mais que oposição: é alternativa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Maria vai com as outras...

A alegadamente insana rainha D. Maria I – que andaria sempre acompanhada com outras damas que a protegeriam dos possíveis disparates que pudesse cometer – terá dado origem ao famoso dito popular que descreve a pessoa que repete, de forma acrítica, o que os outros dizem ou fazem. Dizemos que uma pessoa assim é uma «Maria vai com as outras».

É importante que as pessoas deixem de ser «Marias»...; é importante que as pessoas se libertem da ingenuidade de acreditar e repetir o que os outros dizem e fazem. As pessoas não são papagaios – e não devem fazer tal figura. Como cidadãos, como munícipes, é vital participar politicamente, mas não por imitação. Por exemplo, apercebo-me que há pessoas que se transformam em «Marias...» quando votam: isto é, votam mais por tradição do que por convicção. Votam mais por imitação do que por reflexão.

Há que preparar uma revolução de mentalidades; é necessário aprender a fazer perguntas, a avaliar respostas, a pôr em causa actos, a julgar factos e a chegar a conclusões próprias e bem informadas; sem medo!

Num processo jurídico, interessam as provas; numa investigação científica interessam as evidências; na vida empresarial interessam os lucros; na actividade política interessam os resultados. E é este o filtro que deve ser usado cada vez que um cidadão faz escolhas políticas. Um cidadão, quando vota, deve escolher em função dos resultados e não em função do hábito.

Resultados.

Aqui, em Salvaterra, falo com muita gente descontente, desanimada, descoroçoada, que já não tem esperança na mudança. E, sem darem por isso, tornam-se «Maria vai com as outras». Quando votam, fazem-no como se fosse um acto telecomandado, sem espírito crítico nem confiança de que é possível forjar a mudança. Mas cada cidadão tem a responsabilidade individual de tomar uma decisão política, mas que seja com base na observação dos factos, dos resultados e não no hábito de apoiar e votar mais por tradição do que por convicção.

Em trinta e cinco anos de democracia, a esquerda política – PS, CDU e BE – fizeram deste um dos concelhos mais pobres, subdesenvolvidos, menos produtivos e endividados desta região. Está contente com os resultados conseguidos pela esquerda política aqui em Salvaterra, em áreas como o emprego, a educação, o urbanismo, as acessibilidades, assistência médica, a justiça social…?
(Continua)

sábado, 20 de março de 2010

Arroz de cabidela

Infelizmente na política não há aliados permanentes, só interesses permanentes. E quando o interesse é aprisionado, aproveitado pelo interesseiro, então é que o caldo está entornado: acaba-se a ética e impera a estética. O que importa é maquilhar-se bem para aparecer, para ficar bem na fotografia. Políticos de pó-de-arroz...

Vive-se de duas formas: ou por convicções ou por conveniências. E a actividade política é, infelizmente, por parte de muitos, o jogo das conveniências. Eles querem cá saber das convicções…nem sabem o que é isso. E quem vive por conveniências torna-se inconveniente: infecta o ambiente e torna o seu espaço irrespirável, a não ser por outros iguais a ele.

O drama dos políticos de conveniência, equilibristas, que bóiam, que levitam, que flutuam como rolhas em qualquer maré, o drama desses políticos, dizia, é a ansiedade de conseguir um espaço para cair…não vá o destino deixá-los pendurados.

Já Nietzsche nos avisava que há homens que vivem à sombra de outros e por isso tornam-se macilentos. Agora, neste ambiente de eleição, é ver os homens e as mulheres macilentos a trocar um lugar ao sol por um lugar à sombra…à sombra daquele que intuem ser a árvore que lhes dará abrigo. Cuidado com os eucaliptos…

É preciso que o exercício da política seja o exercício da convicção. E quem faz jogo de cintura não sabe o que é dar o peito às balas.

A ver se nos entendemos: na política também não há vitórias permanentes. É por isso que acho que há quem cante de galo num dia e no outro sirva para arroz de cabidela.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Em Salvaterra, o termo «estrada» tem uma nova definição


LAMENTÁVEL!!!!

Em Salvaterra, o termo «estrada» tem uma nova definição: uma estrada é um buraco à volta do qual se coloca uns resíduos de alcatrão.

São só quatro imagens, mas repetem-se 300, 400, 500, 600 vezes em todo concelho de Salvaterra de Magos.
É só buracos! Na gestão financeira do município é o que se sabe (sem considerar o que ainda está escondido) e nas vias de comunicação é esta desgraça. As reparações na viatura oficial da srª presidente estão garantidas e pagas... na minha e na sua é que não.
Pois, até se percebe: sendo Salvaterra de Magos uma das Câmaras que mais gasta com ordenados dos funcionários (uns escandalosos 41% do total das receitas) é lógico que não há dinheiro para pôr os funcionários a reparar as estradas e as ruas do concelho. Mas dá jeito ter tantos funcionários mesmo que não funcionem: é que assim garante-se uma rede, uma teia de interesses, interessados e interesseiros, que votam em que lhes dá tacho.

De uma coisa estamos certos: as próximas urnas de voto vão ser mesmo urnas: vamos, através delas, finalmente, enterrar este negro período de gestão bloqueira. Esta «Idade Média» sombria, atrasada, que assolou este concelho, está a chegar ao fim!

O PSD é mais que oposição: é a alternativa.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Este Orlando, desta vez, chamava-se Leandro

Leandro era um menino de 12 anos; disse que não queria apanhar mais dos colegas de escola e lançou-se ao rio.

Era-lhe mais difícil respirar na escola que afogar-se na água.

Leandro era forte…como forte é qualquer pessoa que põe fim à vida, não porque queira morrer, mas porque quer viver e não consegue. O que tinha não lhe servia, porque há momentos na vida em que ter algo é pior que não ter coisa nenhuma.

As águas adormeceram-lhe as mágoas e calaram-lhe as dores para sempre, mas cedo demais. Leandro viveu muito pouco para quem sofreu tanto; e só conseguiu descansar quando conseguiu escapar da brutalidade, da animalidade, da monstruosidade de bestas que andam por ai à solta. Esses não descansam; hão-de encontrar outro Leandro...

É por isso que há medidas imediatas, urgentes, a tomar:

1. A Confap já propôs: responsabilizar os pais desses cobardes que praticam a violência nas escolas. Perda de subsídios escolares e outras regalias ainda é pouco…

2. Responsabilizar os directores das escolas pela falta de vigilância dentro dos seus estabelecimentos escolares.

3. Criar nas escolas, se necessário em colaboração com as autarquias, gabinetes de formação cívica e de apoio psicológico para o acompanhamento de situações de risco.

4. Inverter esta tendência estúpida da perda de autoridade nas escolas. Os professores não podem ser achincalhados, ofendidos, agredidos por pequenos marginais; e tem de acabar este clima de impunidade e inimputabilidade em relação aos alunos.

5. Pacto entre os órgãos de comunicação social, no sentido de um compromisso assumido de divulgação e denúncia do problema.

Farei um dia de silêncio pelo Leandro. Até amanhã.

Entretanto, deixo aqui um poema de Carlos T., que os «Cabeças no Ar» gravaram em 2002. Este Orlando chamou-se, desta vez, Leandro.


Sou um patinho assim, assim
Não há quem repare em mim
Não sou triste nem zangado
Eu sou só um pouco reservado

Não sou loiro, não sou alto
Não corro muito depressa
Não tenho tempo de salto
Não remato nunca de cabeça

Eu sou um Orlando
E só venho à escola
De vez em quando
De vez em quando

Os dias lá no meu meio
São muito mais não que sim
Não sou um patinho feio
As águas é que fogem de mim

Se as águas fossem iguais
P’ra quem começa a nadar
Talvez eu viesse mais
Talvez até ousasse voar

Eu sou um Orlando
E só venho à escola
De vez em quando
De vez em quando

Se alguém se lembrar de mim
E disser: “O Orlando veio.”
Diga-lhe que hoje vim
Mas fiquei sozinho no recreio

Eu sou um Orlando
E só venho à escola
De vez em quando
De vez em quando

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Encontramo-nos na Índia...

O Cabo da Boa Esperança é um cabo situado no extremo sul do continente africano. Foi dobrado pela primeira vez em 1487 pelo navegador português Bartolomeu Dias. Contam, as crónicas da época, que como foi avistado depois de vários dias e noites de violenta tempestade, Bartolomeu Dias lhe pôs o nome de Cabo das Tormentas. Foi o rei D. João II que viria a mudar-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, pela possibilidade da ligação entre os oceanos Atlântico e Índico e da consequente chegada à Índia, com tudo o que isso representava de bom para a economia portuguesa.

A nossa expressão «cabo dos trabalhos» vem daí: é uma referência àquelas situações difíceis, ameaçadoras pelas quais passamos. Cada um de nós já experimentou o seu cabo das tormentas, já passou pelo seu cabo dos trabalhos! E, quantas vezes, a dificuldade real, a ameaça concreta é ampliada de forma assustadora pelo pavoroso Adamastor, o monstro fantasioso que nos habita e nos faz magicar cenas terríveis que só existem, afinal, na nossa imaginação.

O grande desafio da viagem continua a ser este: dobrar cada cabo dos trabalhos e mudar-lhe o nome; transformar cada tempestade numa nova possibilidade. O que há depois do cabo...cabe a si escolher! Fica-se pela tormenta, ou consegue construir uma esperança?

Vá lá... ao fim ao cabo, dobrar cabos e dar-lhes um novo nome é algo que faz parte da nossa memória colectiva.

Olhe, boa viagem; encontramo-nos na Índia...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

E depois, é vê-los cair…

Há quem diga que os buracos negros são uma das mais importantes descobertas científicas de todo o século XX. Um buraco negro é um corpo celeste que contém massa concentrada tão densa, tão densa, que nenhum objecto consegue escapar do colossal campo magnético que essa massa gera. Nem mesmo a luz.

No seu interior, as leis que regem o universo parecem desmoronar-se, juntamente com os nossos conceitos de tempo e espaço. O inexplicável, o desconhecido reside nas entranhas desse monstro, que se alimenta do universo que se esmaga e cai nas suas redondezas. Se fossemos sugados contra um buraco negro, o campo gravítico que o forma é tanto, que a matéria que nos dá forma ficaria reduzida a uma ínfima partícula de pó. E há buracos negros mastodônticos. Só para ter uma ideia: O planeta Terra pesa 5,973,600,000,000,000,000,000,000 kg. Se juntássemos 332,946 planetas como nosso, teríamos o peso da nossa estrela, o sol. O maior buraco negro encontrado pesa tanto como 18,000,000,000 estrelas como a nossa. Pesado, não é?

Também há buracos negros no universo de cá de baixo. Sistemas sombrios e assombrosos, ambientes lúgubres, estruturas sinistras que funcionam de forma insana, com leis próprias, à margem da normalidade, de forma difusa, duvidosa, esquiva e misteriosa. A opacidade do sistema assegura o nível de escuridão necessário para o manter em funcionamento e em relativa segurança. É que essas estruturas vivem e reproduzem-se nas trevas. É proibido perguntar, objectar, observar, espreitar… A vitalidade, a vivacidade, a individualidade são devoradas, sugadas nesse abismo, e quem cair no sorvedouro desse redemoinho voraz, simplesmente deixa de existir.

O problema é que os buracos negros têm, inexplicavelmente, um poder sedutor. Não sei se é da nossa irremediável atracção pela penumbra, pelo lusco-fusco, pelo cair do dia, pela média luz, mas o que é certo é que quanto mais misterioso, penumbroso, enigmático…mais atraente se torna. E depois, é vê-los cair…

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sempre a cair...

Cheguei ontem a Brasília.

Quando o avião estava a aterrar, dei comigo a pensar: qual é a semelhança entre um avião que se despenha violentamente contra o solo e um avião que aterra suavemente numa pista? Sim, há uma semelhança: é que ambos estão em queda! A diferença é que o primeiro está em queda descontrolada e o segundo em queda controlada.

Na «Gaia Ciência», Nietzsche descreve o niilismo desta forma: «Para onde vamos nós próprios? Não estaremos incessantemente a cair? Para diante, para trás, para o lado, para todos os lados?».

A ideia de queda, nas suas múltiplas dimensões, marca tragicamente a vida do homem. Mas a ideia de queda não é um conceito aplicado só à vida no plano pessoal; é também no plano cósmico. O mito de criação babilónico, por exemplo, apresenta-nos a criação a partir de um quadro de profunda violência e desordem. É o corpo dilacerado da deusa que dá origem ao universo e do seu sangue surgem as constelações. O mito judaico da criação também apresenta a formação dos mundos a partir de um estado de queda: é a criação que surge a partir da vacuidade e do caos disforme.

É um facto: somos habitados – tragicamente habitados – por um conceito de queda. E o facto de sermos seres em constante queda, de estarmos, como dizia Nietzsche, «incessantemente a cair», torna afinal o homem um ser decadente! O segredo, contudo, está em ter uma queda controlada para minimizar os danos e optimizar, afinal, a vida.

Andamos sempre a cair; mas por incrível que pareça, a vida também se forja, também se ergue, também se vive a partir de quedas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

7 de Janeiro - o dia em que nasceu a ciência

Há exactamente 400 anos, na noite de 7 de Janeiro de 1610, em Pádua, Galileo Galilei começou a registar as observações que estava a efectuar sobre os satélites de Júpiter e que ele designou por “Estrelas Mediceias”em homenagem à família dos arquiduques de Florença.

Este registo tão singelo abriu um longo caminho que tem sido percorrido incessantemente desde então. A Ciência Moderna saiu completa das mãos de Galileu: o uso de instrumentos científicos de observação; a utilização de uma linguagem matemática; a publicação dos resultados; isto é, as suas principais características, que a distinguem dos outros domínios de conhecimento e dos saberes antigos sobre a natureza, possuem a marca de Galileu.

Muitos ilustres e extraordinários cientistas viram a luz e a iluminação da descoberta nestes últimos quatro séculos. A celebração das suas ideias e o desenvolvimento de uma atitude científica perante a vida são a melhor garantia de que encaramos o futuro com confiança.

João Caraça
Director do Serviço de Ciência
Fundação Calouste Gulbenkian

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sinatra bem cantava: I’ve got you under my skin», mas não chega!

«Convite a um Encontro» é o nome de uma série de escritos poéticos da autoria do judeu sefardita Jacob Moreno (1892-1974). Para descrever o «Encontro» (conceito que veio a tornar-se central no movimento existencialista), Moreno apresenta duas pessoas trocando os olhos para se compreenderem e se conhecerem mutuamente:

«Um encontro de dois: olho a olho, face a face. E quando você estiver próximo arrancarei seus olhos e os colocarei no lugar dos meus; você arrancará meus olhos e os colocará em lugar dos seus; então, olharei para si, com seus olhos, e você olhará para mim, com os meus».

Este é o desafio: conhecer o outro através dos seus próprios olhos. É um desafio impossível de realizar, bem sei. Afinal de contas, tudo o que conhecemos é sempre e só a partir de nós próprios! Mas isto responsabiliza-nos: responsabiliza-nos a fazer mais no sentido de tentar conhecer o outro a partir dele próprio…

De resto, se seguirmos o rasto francês da palavra «conhecer», perceberemos que conhecer («connaitre») é, afinal, «nascer com», e conhecimento é «nascimento com».
Aqui está: para conhecer o outro temos de tentar nascer com ele – entrar no mundo dele e ver com os olhos dele.

Sinatra bem cantava: I’ve got you under my skin», mas não chega! É mais que estar debaixo da pele do outro: é ter os olhos dele; é encarná-lo; é nascer com ele!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Mais música...

Dois enormes intérpretes do fado...Jorge Fernando e Fábia Rebordão

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM BOM 2010 PARA TODOS OS QUE QUISEREM

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tenho uma constelação de estrelas

Umas das boas surpresas que tivemos, ao nos mudarmos para o concelho de Salvaterra de Magos, foi o céu. Desde o céu limpo, com o sol a brilhar no azul celeste, passando pelo céu rubro do entardecer até ao céu estrelado da noite...o cenário é simplesmente arrebatador!

O céu da noite, contudo, é dos meus preferidos. Estrelas...muitas estrelas!

Também eu tenho, no meu universo pessoal, muitas estrelas. As minhas estrelas são os meus amigos, pessoas que têm um brilho especial e que pontilham o meu firmamento individual, ajudando a fixar alguma luz naquelas noites mais escuras da vida.

Não me chateio nada com essas pessoas quer sombrear, escurecer-me, a vida...quero lá saber: tenho uma constelação de estrelas!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS!

Acerca de guerra civil em Salvaterra, kamikazes e flutuadores políticos

As últimas eleições autárquicas fizeram muito mal ao BE aqui em Salvaterra de Magos! Este último mandato, antes da saída da princesa (a expressão princesa, aqui, é usada no registo d'«O Príncipe» de Maquiavel...), este último mandato, dizia, começa a fazer espernear os interesseiros e os interessados à sucessão dentro da estrutura autárquica. Vai daqui, desde já, um aviso: escusam de se colocar assim, infantilmente em fila e de dedinho no ar porque daqui a quatro anos não há cadeira p'ra ninguém; o lugar do BE será na oposição (isto se ainda existir BE aqui em Salvaterra).

As tricas, as intrigas, as traições, as conspirações internas e intestinas abundam!

Uma das razões porque penso que o BE daqui está a dar as últimas é porque está cheio de jogadores que se fartam de marcar auto golos (há outras razões, mas esta é uma delas...).

Ora bem: tenha 1 minuto de paciência e explico-lhe, de forma sucinta mas certeira, o que se passa.

Visitava eu um desses blogs de oposição interna dos bloquistas - eu disse oposição interna - e deparei-me com um bloquista (de nome Romão) que expõe a picardia entre dois outros bloquistas (um tal de Marco Domingos e um tal de Luís Gomes). Três...só assim de uma vez! Um acusa os outros dois. E os outros dois não são dois quaisquer: o primeiro era o assessor da princesa e o outro é vereador da princesa. Tudo gente «na casa dos trinta», uma geração de kamikazes que não vão olhar a meios para conseguir os fins.


Saiam da frente: eles estão todos à briga uns com os outros!

O bronquista bloquista denunciante põe os nomes nos rapazes e tudo. Diz que:
A 4 de Dezembro, o Marco Domingos (o ex-assessor do BE) manifestou-se contra o modelo que a Presidente adoptou para fazer uma ronda pelas freguesias, no intuito de apresentar um tal de «orçamento participativo». A oposição interna no BE a tomar forma!


A 17 de Dezembro, o Luís Gomes (vereador do BE) vem à luta para afrontrar o ex-assessor e defender o modelo usado pela Câmara e tece rasgados elogios à concretização desta importante iniciativa.

Eh, eh , eh, eh...Os três à guerra! E depois o bloqueiro ainda diz que nesse cesto de maçãs...uma delas é uma maçã
podre!!! E este, sabe-se lá com que intenções é, pelos vistos, um aprendiz que anda a aprender a tecer, de forma pérfida e manhosa, a urdidura.

Ora bem, aqui temos o ambiente que aqui se passa: três bloqueiros, a tirar o curso de flutuadores políticos, na tentativa de marcarem espaço para 2013. Guerra civil!


Isto está lindo...

Enquanto isso, o PSD segue confiante e confiadamente um processo de progresso, de revitalização, de responsabilidade com vista a 2013.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Que nunca caiam as pontes...

«Que nunca caiam as pontes entre nós», é uma frase que marca uma canção de Pedro Abrunhosa. Passámo-la hoje à tarde na Rádio Lezíria (89.1 FM). Enquanto a ouvia, fiquei a pensar…

Num certo sentido, todos vivemos nas margens.

Não, nem todos vivemos à margem; isso é diferente. Viver à margem é ser marginal. Viver à margem é, afinal, viver sem margem, sem espaço.

Já viver nas margens é outra coisa. Por agora, viver nas margens é viver num espaço, sim, mas em constante perigo de desmoronamento. E, nesse sentido, todos vivemos nas margens. E quem já sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés percebe o que estou a dizer…

Por mais estáveis que pareçam ser os sistemas individuais de suporte da nossa vida – família, instrução, carreira, estatuto social, condição económica – todos eles são sistemas sujeitos à erosão. Era Marx que dizia que «tudo o que é sólido se dissolve no ar» …

E hoje, quando ouvi aquela canção do Pedro Abrunhosa, lembrei-me da necessidade que temos de manter pontes, linhas de contacto com outras margens, se por acaso o desmoronamento nos atinge.

Lembre-se: que nunca caiam as pontes…