
Num certo sentido, todos vivemos nas margens.
Não, nem todos vivemos à margem; isso é diferente. Viver à margem é ser marginal. Viver à margem é, afinal, viver sem margem, sem espaço.
Já viver nas margens é outra coisa. Por agora, viver nas margens é viver num espaço, sim, mas em constante perigo de desmoronamento. E, nesse sentido, todos vivemos nas margens. E quem já sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés percebe o que estou a dizer…
Por mais estáveis que pareçam ser os sistemas individuais de suporte da nossa vida – família, instrução, carreira, estatuto social, condição económica – todos eles são sistemas sujeitos à erosão. Era Marx que dizia que «tudo o que é sólido se dissolve no ar» …
E hoje, quando ouvi aquela canção do Pedro Abrunhosa, lembrei-me da necessidade que temos de manter pontes, linhas de contacto com outras margens, se por acaso o desmoronamento nos atinge.
Lembre-se: que nunca caiam as pontes…
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