terça-feira, 29 de setembro de 2009

Soberano mas não infalível...

Winston Churchill disse que a democracia é a pior forma de governo que existe…à excepção de todas as outras!

O facto é que, apesar de todas as incongruências, insuficiências e contradições do regime democrático, este continua ainda a ser o modelo que melhor viabiliza a organização de uma sociedade. Fukuyama chega mesmo a chamar à democracia liberal «o fim da História». Isto quer dizer que não há modelo sociopolítico para além deste e parece que o processo histórico chegou ao seu apogeu com a invenção da democracia.

Uma das suas enormes virtudes, a qual não podemos escamotear, é a possibilidade da participação individual no processo político. «O povo falou», foi talvez a frase mais repetida na noite do dia 27 de Setembro.

O povo falou. Certo. Deu-se-lhe vez e voz. E o regime democrático «manda» aceitar o veredicto. A maioria falou; o povo é soberano e está dito. O PS ganhou as eleições e não passa pela cabeça de ninguém, em perfeito juízo, impugnar, questionar, duvidar ou rejeitar os resultados. Podemos questionar a esperança de vida deste governo,mas não questionamos, digo eu, que este governo transmite alguma esperança de vida às pessoas. É optimista, reformista, ousado, moderno.

A minha preocupação prende-se com outra coisa: é certo que o povo é SOBERANO, mas o povo não é INFALÍVEL. E quem é que me garante que a maioria decide bem? Não digo que não se tenha decidido bem nas últimas eleições, mas a questão pode e deve ser colocada em abstracto: o povo é soberano mas não é infalível. E se o povo erra? É uma chatice…tanto mais quando a DEMOCRACIA se deixa infiltrar pela DEMAGOGIA.


E não estamos fartos de ver e saber que o povo, as massas, o rebanho, a multidão… é dada à superficialidade do discurso demagógico? Do político, do religioso...

Que fazer? Deixar um decidir por todos? Não. Deixar um grupo de «notáveis» decidir por todos? Também não! Não deixar que ninguém decida? Muito menos.

O que há a fazer é duro, difícil, demora e às vezes desmotiva: o que há a fazer é insistir em fazer-se formação política. Esta é a chave: formação política, logo desde o Primeiro Ciclo (no meu tempo de criança chamava-se escola primária). Ensinar às crianças a importância de valores como o da responsabilidade individual, o da participação cívica, o valor da liberdade, da tolerância, da pluralidade...

Formação política. É o que vamos fazer aqui em Salvaterra. Logo dou mais notícias…

8 comentários:

Sidson Novais disse...

"Formação Política" para os mais pequenos pode até ser uma boa ideia, mas será possível separá-la da "Formação Partidária"?

Paulo Cadeiras disse...

Vamos fazer então de contas que tenho 6 anos e estou a entrar para a primária...posso ser seu aluno???

Anónimo disse...

Veja-se como a civilização muda:- Na Roma Antiga, havia as virgens vestiais o VOTO delas durava TRINTA ANOS...(Risos)ag

Luís Melancia disse...

Olá Sidson, meu caro amigo. Penso que sim, que a formação política é possível separadamente da formação partidária. Há temas que são «absolutos éticos» e que ultrapassam a doutrina político-partidária; e é sobre esses que a tal formação deveria incidir.
Já mencionei alguns: liberdade, responsabilidade individual, pluralidade, etc...

Luís Melancia disse...

Olá Paulo Cadeiras.
Vou abrir as inscrições e não deve faltar muito, como deve calcular.

João Maria disse...

Também me quero inscrever, apesar de só agora ter aprendido a escrever. Será que poderei ser discente dessa escola?

João Pedro disse...

A "Formação Política" sugerida, parece partir do pressuposto que o povo errou. Será que errou?
A Democracia com todos os seus defeitos, consegue corrigir os erros com novos actos eleitorais.
A Presidente do PSD afirmou, poucos dias antes das eleições, que o povo sempre decide bem. Será que se enganou?
João Pedro

Luís Melancia disse...

Não, João Pedro, percebeste mal. Eu não disse que o povo errou; lê lá outra vez...
E a necessidade de formação política parte do princípio de que o povo não é infalível.