quarta-feira, 29 de julho de 2009

SOBRE AGARRAR E DEIXAR ESCAPAR...

Uma das coisas que nos diferencia dos animais é a mão; e a anatomia do dedo polegar diferencia-nos dos primatas. Nos humanos, o polegar é posicionado ligeiramente mais longe dos outros quatro dedos, o que lhe permite opor-se a eles, bem como ter maior rotação. O nosso dedo polegar pode ser girado contra os dedos, o que permite pegar objectos de diferentes tamanhos com a mesma eficiência e manipulá-los com maior destreza. Essa alteração anatómica possibilita uma ampla variedade de funções que os humanos têm e os primatas não.
O polegar opositor dá-nos tanto força para agarrar, quanto precisão para desenvolver movimentos subtis. As actividades executadas pelas mãos humanas são bastante diversificadas e possibilitam não somente a utilização de ferramentas como a lança e o machado, mas também de objectos tão pequenos quanto a linha e a agulha. E isto sem dizer que só as mãos humanas podem servir para pintar um quadro ou tocar um violino.

A anatomia da mão é representativa desta nossa necessidade de agarrar. Deitamos a mão às coisas que desejamos, agarramos aquilo que conquistamos, aferramo-nos ao que nos é vital. E, por vezes, é tanta a vontade de agarrar, que quase transformamos as mãos em garras…

Por outro lado, por mais que agarremos não conseguimos evitar que tantas coisas se nos escapem. Umas escapam-se porque não as soubemos reter, outras escapam-se porque simplesmente têm de partir.

Depois, há coisas que agarramos mas erramos em agarrá-las… e já o evangelho diz que pouco importa ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma. Isto é, de pouco serve agarrar a exterioridade e perder a interioridade!

Depois de tudo, ainda falta dizer que há coisas que, o melhor, mesmo, é que se vão…

4 comentários:

João Pedro disse...

E, não ter saudades das coisas que se vão...

João Pedro

Anónimo disse...

O problema aqui, é ter a capacidade de escolher o que realmente queremos que vá embora. Ao perdermos o nosso interior, ao perder os nossos ideais, passamos a ser máquinas coleccionadoras de imensos sentidos, mas sem a capacidade de os refinar logo de os saber sentir, logo como o autor do blogue diz...uma simples mão o que pode fazer...do bom ao mau...

Unknown disse...

Sem falar no (pseudo) polegar do panda, grande enigma da evolução.
Com efeito, ha coisas que nao podemos, de qualquer forma, reter; ainda bem, da-nos oportunidade de conhecermos outras.

Anónimo disse...

«Tão bom viver dia a dia.A vida assim jamais cansa.E só ganhar, toda a vida, inexperiência, esperança.Nada jamais continua, tudo vai recomeçar.»
Mário Quintana
ag