sexta-feira, 27 de junho de 2008

Caminhos na desesperança


Em «A Violência do Mundo», Edgar Morin utiliza um termo curioso para falar do estado actual do mundo: desesperança.

E aponta dois caminhos, «dois princípios de esperança na desesperança». O primeiro é o princípio da metamorfose. Assim como acontece com a lagarta que se transforma numa borboleta, assim também este complexo sistema de vida pode, tem mesmo de criar um meta-sistema. O problema que está em jogo é o problema das metamorfoses: como passamos de uma forma para a outra? Como chegaremos a esse meta-sistema, recriado mas transformado a partir do património existente? Não dá resposta.

Depois aponta o seu segundo caminho: a possibilidade de o improvável entrar na História. E descreve como a predição de Hitler, isto é, de que o seu império duraria mil anos, veio a ser destruída por causa de factores improváveis – imponderáveis –, factos que entraram na História e mudaram o cenário por inteiro. E é enfático ao dizer «procuremos ter um pouco de fé no improvável».

Ficamos com pouco!!! Primeiro ficamos a saber que necessitamos de um meta-sistema mas não sabemos como fazê-lo nascer. Estamos como estava o poeta inglês Matthew Arnold (1822-1888): «entre dois mundos, um já morto e outro sem força para nascer».

Depois ficamos a saber que temos de ter fé…no improvável! Temos de esperar que uma certa desordem futura, desejada – que não sabemos de onde virá nem como virá – interfira na História e mude esta desordem presente, repudiada.

É muito pouco para que se torne um caminho, um princípio gerador de esperança na desesperança.

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