sábado, 12 de dezembro de 2009

O que me vai no peito

Um grande desígnio nacional, uma ideia mobilizadora, um sonho realizável, uma esperança, um projecto, um desafio, é isto que, enquanto País, nos falta.

Pessoa, na «Mensagem», refere este estado de desânimo: «Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.». É assim como se as águas cheias se transformassem em espuma vazia. Depois da viagem, as caravelas apodrecem agora na praia. Ficou a mão cheia de coisa nenhuma!

E termina com um grito – um grito fundo: «Senhor, falta cumprir-se Portugal.».

Não nos chegam – e servem para pouco, para muito pouco – as glórias passadas. Não podemos ressuscitar os cadáveres, precisamos é fazer nascer uma nova realidade.

Pedro Barroso, na sua canção «Viva quem canta», canta acerca de um «país por inventar» como refere numa das quadras.

Já vivi o suficiente para perceber que um país se inventa, ou se reinventa, de várias formas. Hoje, apetece-me acreditar que Pedro Barroso tem razão: que um país também se reinventa no peito de quem tem uma canção.

Viva quem canta
que quem canta é quem diz
quem diz o que vai no peito
no peito vai-me um país

1 comentário:

Paulo Cadeiras disse...

Num texto tão profundo o que posso dizer é só isto.

Gosto de música, mas não gosto que me dêem música.

Compositores baratos nascem todos os dias e outros que deviam já se ter retirado. Ainda ontem assisti a um concerto lamentável, voz e instrumentos desafinados onde todas as notas soavam à mesma melodia.
"Diz-me, mas diz-me apenas o que quero ouvir. Mas o que quero ouvir? Nem eu sei..."

Meu caro.Já todos viram que o senhor tem o ritmo, tem a batuta certa de maestro,tem os instrumentos à sua volta prontos e afinados e o mais importante, tem novas pautas com novas musicas. Assuma rápido o seu lugar de maestro que os seus músicos esperam-no. Solte a música que lhe corre no peito, rasgue as pautas antigas porque os nossos ouvidos esperam as suas notas.

Daquele que espera rápido um cd novo nas lojas de Salvaterra, um bem haja.