terça-feira, 21 de outubro de 2008

O problema não é o capitalismo: é o egoísmo!


Enquanto os homens forem imperfeitos, não haverá modelos perfeitos – nem ideológicos, nem políticos nem económicos. E quem pensava que o capitalismo o era, ainda está a tempo de mudar de ideias.

Mas digo hoje acerca do capitalismo o que Churchill disse, em Novembro de 1947, acerca da democracia: «Democracy is the worst form of government, except for all those other forms that have been tried from time to time." O capitalismo é também o pior modelo económico, à excepção de todos os outros modelos anteriormente tentados.

O capitalismo, apesar de imperfeito e incompleto, responde a quatro desejos e necessidades vitais do homem:

PRODUZIR. O facto indesmentível é que o homem gosta de produzir, de criar. Isso diferencia-o dos animais: estes utilizam o que está criado; aquele cria o que quer utilizar. E também nos parece que é no sector privado que a produtividade mais acontece. O facto incontornável, iniludível, é que quando o patrão é o Estado, o desinteresse instala-se, a exigência vai-se, o afinco desaparece e a produtividade tende a diminuir.

POSSUIR. O princípio axial do capitalismo é o direito alienável à propriedade privada. Princípio este muito judeu, por sinal: já Jacob, depois de quase vinte anos a trabalhar como empregado do sogro, dizia: «Quando, pois, trabalharei também por minha própria casa?» Admitamos que nos é inato, a todos, o desejo de possuir a nossa casa, o nosso carro, as nossas propriedades, o nosso património. O capitalismo, enquanto modelo económico que assenta na propriedade privada, responde favoravelmente ao desejo de possuir.

POUPAR. Pois é claro, se produzimos e possuímos, estamos a meio-caminho da poupança! O nosso problema é o desperdício; se pensássemos nos milhões de euros que vão diariamente para o lixo por força do desperdício…Na célebre multiplicação dos pães, Jesus mandou que recolhessem as sobras do pão distribuído, «para que nada se perca», disse Ele. E vai daí, recolheram doze cestos cheios de pedaços!!! A receita de Calvino, que defendeu o direito à propriedade e à prosperidade, foi a da frugalidade, da sobriedade e da parcimónia. E com esse princípio modelou, com o seu pensamento económico e social, uma sociedade que ainda hoje respira a sua presença. Está claro: o capitalismo, na sua vertente representada pela «ética protestante», incentiva a poupança.

PARTILHAR. E aqui se fecha o quadrado. Dar, partilhar, repartir, é uma necessidade para quem recebe, mas mais ainda para quem dá, «pois é dando que se recebe». O que tem faltado ao «capitalismo selvagem» é a ética! A ganância, a avareza, o egoísmo, a ambição desmedida está a ferir um modelo, imperfeito, bem sei, mas que tem em si sementes de virtude.

O problema não é o capitalismo: é o egoísmo!

2 comentários:

Anónimo disse...

"Trabalhar p'ra ganhar a vida!
Porque é que a vida que se ganha tem de gastar-se a trabalhar?...P´ra ganhar a vida!
O que é bom é ficar rico sem nada fazer. A ignorancia e a estontícia graça nos empresários cá do burgo.Os nossos empresários tem espírito de pedintes alucinados. As ideias deles degeneram, como tudo na vida,dos pecados que habitam nos seus coraçôes.ag

Anónimo disse...

Pois é. É pena que as coisas sejam assim. Haverá esperança?