quarta-feira, 2 de julho de 2008

D. José Policarpo admite...



A Igreja tem que tomar consciência de que hoje exerce a sua missão numa sociedade que não se identifica com ela, no sentido em que a Igreja não é a sociedade. No nosso caso, há uma maioria de católicos mas há também outros e isso faz com que a Igreja não possa situar-se no quadro da sociedade exercendo um antigo poder de influência e uma antiga relação Igreja/sociedade que já não existe”. (Cardeal-Patriarca de Lisboa, aos microfones da “Rádio Renascença”).

A reflexão do chefe da igreja católica em Portugal é honesta e correctíssima. Mas importaria acrescentar que a denominada “maioria de católicos” é uma maioria cultural e não religiosa. A maioria dos portugueses diz-se católica por uma questão de identificação cultural e de tradição familiar, mas não praticam, não conhecem a doutrina, em grande parte discordam de muita dessa doutrina, não são comprometidos com ela. E vão à igreja apenas nas cerimónias religiosas que funcionam como ritos de passagem (baptizados, casamentos, funerais).


Por sua vez, os “outros”, que tornam a sociedade heterogénea, em termos religiosos, apesar desta confissão (e pedagogia?) continuam a ser discriminados na dita sociedade, perante os poderes públicos, a comunicação social, e até a igreja dominante. Essa é a verdade. Mas é sempre bom ouvir intervenções pedagógicas como esta.

Fonte: A ovelha Perdida

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