quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mais uma face da China...


No oitavo dia, do oitavo mês, do ano terminado em 8 – dia 8 de Agosto de 2008 – exactamente às 08:08:08 da noite, dar-se-á início aos Jogos Olímpicos em Pequim. O confucionismo e as religiões populares chinesas acreditam que fazer-se coincidir o dia e a hora é uma forma de atrair a sorte.

De facto, para além das reivindicações políticas tibetanas, estes Jogos Olímpicos podem também tornar-se num fórum internacional onde a crescente presença e ambição dos grupos religiosos pode ser também exposta ao mundo. E isto porque contrariamente ao que podia supor-se, de acordo com uma pesquisa de 2006 levada a cabo pela Pew Global Attitudes Project, 31% dos chineses considera a religião como muito importante nas suas vidas. Entre todos os inquiridos, somente 11% disseram que a religião não tem qualquer importância para eles. A surpresa destes números reside no facto de espelharem uma realidade que poderia não coincidir com a imagem de um país secularista e de filosofia ateísta, desde há praticamente seis décadas. Ainda de acordo com a mesma fonte, as principais correntes religiosas trazidas de fora com expressão na China são o budismo, o cristianismo (protestantismo e catolicismo) e o Islão.

O budismo representa entre 11% e 16% da população.

No cristianismo, protestantes e católicos valem, juntos, 4% da população e, de acordo com os números adiantados pelo governo chinês, o número de cristãos aumentou de 14 milhões para 21 milhões – 50% – em menos de 10 anos. Mas os números e crescimento entre protestantes e católicos são diferenciados: durante esse período, os protestantes aumentaram de 10 milhões para 16 milhões – um aumento de 60% – e os católicos de 4 milhões para 5 milhões – um aumento de 25%. Diga-se ainda que o número de cristãos protestantes cresceu 20 vezes desde que chegou à China no século XIX. E isto sem mencionar os milhares de grupos que se reúnem em casas sem o reconhecimento oficial e aprovação do Estado…

Já o islão representa somente 1,5% da população chinesa.

É interessante ver agora se o comunismo chinês se adaptará às forças do mercado religioso, tal como parece estar a ajustar-se às forças do mercado económico.

Luís Melancia

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