terça-feira, 27 de maio de 2008

A diabolização do Ocidente

Há, quanto a mim, um incómodo mal disfarçado vindo da metade oriental do planeta, em relação à ocidentalização e tudo o que a ela diz respeito – da política à economia e passando pela religião. Não digo que estejamos a assistir a uma divinização do oriente, mas parece-me que há, em curso, uma diabolização do ocidente. De repente, tudo o que está errado no mundo parecer ser culpa…dos europeus e dos americanos.

O facto é que o Ocidente é incontornável e não vale a pena disfarçar ou tentar negar os valores e o valor universal desta cultura que tem, agora sim, dado novos mundo ao mundo.

Samuel Huntington (em «O Choque das Civilizações) é da opinião de que os tigres asiáticos só chegaram a essa fulgurante condição por adoptarem uma ética económica…ocidental!

E.S. Jones (em «O Milagre Europeu») é da opinião de que o ocidente, mais do que inventar, soube e sabe inovar. E, entre outras causas, atribui essa capacidade a um conjunto de crenças religiosas presentes no Ocidente e que propiciam o ambiente onde se pode duvidar, problematizar e arriscar.

Max Weber dizia que foi o desencantamento do mundo que possibilitou ao ocidente rasgar um caminho e recriar a modernidade. Por desencantamento do mundo, neste registo weberiano, entende-se o abandono da ideia de um mundo encantado, sagrado. Weber era mesmo da opinião de que o desenvolvimento nunca poderia vir de uma zona do planeta onde rasgar um monte ou construir uma barragem seria sacrilégio.

Estaremos aqui, no Ocidente, a olhar para o umbigo? Não sei. Mas uma coisa parece certa: não somos únicos, é verdade, mas também não podemos ser obliterados.

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